segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ode ao Nadismo




Não foi erro de digitação, a palavra é esta mesmo: nadismo, ato ou efeito de fazer nada.



Reservar um tempo para fazer nada sem pressa nenhuma pode aumentar sua qualidade de vida. Acha que estou de brincadeira? Não estou. Ficar sem fazer nada é coisa tão séria que tem até clube pra isso – e agora tem livro também.

O consultor criativo Marcelo Bohrer (foto à direita), que criou o Clube de Nadismo em 2006, sugere que as pessoas escolham um tempo para fazer nada de propósito, permitindo-se desfrutar desse tempo sem culpa. “O Nadismo é um significativo agente de mudança cultural, pois cria a consciência da importância do tempo livre”, explica Bohrer. Desde 2006, o clube criado por ele tem promovido encontros mensais (para fazer nada!) em diversas capitais do País.

Tamanha dedicação ao Nadismo resultou no livro que será lançado nesta quinta-feira, 30 de outubro, na Saraiva MegaStore do Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre, às 20h15min: “Nadismo, Uma Revolução Sem Fazer Nada” (foto à esquerda). Um talkshow sobre Nadismo, ancorado por Túlio Milman, abre a programação às 19h, no Palco das Artes do Praia de Belas Shopping.

Já são quase 5 mil nadistas de carteirinha espalhados pelo mundo. Entre eles, o jornalista Carl Honoré, autor do bestseller mundial “Devagar”, que coordena o núcleo de Nadismo que está se formando em Londres e teve seu primeiro encontro em outubro. O sociólogo italiano Domenico De Masi, que escreveu o famoso “Ócio Criativo”, é outro personagem que conhece e apóia o projeto.

Com o lançamento do livro, ficou mais fácil fazer parte do Clube de Nadismo. Na compra do livro de Marcelo Bohrer, o leitor ganha uma carteirinha de sócio. O livro custa R$ 28,00 e pode ser comprado pelo site
www.nadismo.com.br. O Nadismo estará presente ainda na Feira do Livro de Porto Alegre, que começa no próximo fim de semana. Bohrer vai palestrar e depois autografar seu livro no dia 3 de novembro.

Agradeço ao Tiago, que me enviou o release sobre o lançamento do livro, fazendo-me lembrar desta bem-humorada iniciativa de Marcelo Bohrer, cuja proposta eu já havia comentado em 29 de maio deste ano, ainda na GramadoSite. Acessa aí, tem até um passo-a-passo para fazer nada adequadamente:
http://www.gramadosite.com.br/cultura/cronicas/tais/id:15830

Até me inspirei para programar minha próxima sessão nadista...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Relógio desregulado


"Desde segunda-feira tem um relógio desregulado apitando uma hora antes na minha mesa de trabalho. Esse eu não vou ajustar."




O horário de verão começou primeiro no meu computador, com ajuste automático uma semana antes. No relógio de pulso, ajustei os ponteiros manualmente, à meia-noite de sábado, ou seja, uma da manhã de domingo, em ponto. No celular, adiantei uma hora só no domingo à noite, quando programei meu despertador.

Mas desde segunda-feira tem um relógio desregulado apitando uma hora antes na minha mesa de trabalho. Esse eu não vou ajustar. Não vou, porque não sei. E também porque não quero.

O relógio que adorna minha mesa de trabalho tem um telinha digital de apenas 4x3cm, apoiada numa base de plástico vermelha com três botõezinhos. É um xodó, coisa mais querida! Marca hora, minuto e segundo, aponta o dia da semana e ainda apita a cada hora cheia. Só que não me atrevo a ajustá-lo.

Ganhei esse reloginho de presente numa coletiva de imprensa que participei, ainda em Gramado, depois que já havia acabado o último horário de verão antes deste que começou agora. Lembro que foi só ligar o aparelhinho e ele já marcava a hora certinha.

Depois, tentando entender como funcionava, desregulei o pobrezinho. Resultado: todos os dias, às 10 da noite, a coisa despertava insistentemente. Cada vez que despertava, eu apertava um botão diferente, pois não sabia qual deles fazia a coisa parar de berrar. Às vezes o botão funcionava como “soneca”, e aí, 22h05min, lá estava eu de novo furungando na coisa.

Foi assim durante uma semana – a primeira em que comecei a me tornar uma guria independente (rsrs) morando na cidade grande. No primeiro fim de semana em que voltei para ver a família, levei o relógio de volta para o interior. Minha irmã ficou estudando a coisa até conseguir deixá-la funcionando direitinho. E eis que, desde aquele dia, o reloginho está aqui na minha mesa. Um xodó, coisa mais querida!

Com essa de horário de verão me deu um pavor só de pensar em mexer naqueles botõezinhos. Foi então que resolvi que esse relógio vai permanecer desregulado. É ruim de manhã cedo, porque começar a trabalhar às 7h30min é coisa de professor! A hora do almoço também é esquisita, 11h da manhã e eu já tô varada de fome?! Agora, sair do trabalho às 5 da tarde é coisa boa! Horário de verão, relógio desregulado, coisa mais querida! Um xodó!
Postado originalmente no antigo Tais&coisas em 21/10/08 às 17h51
Por enquanto, leia www.taisecoisas.zip.net