quarta-feira, 21 de julho de 2010

A experiência de redescobrir minha terra natal


“Mal lia o jornal local, tinha abstraído das picuinhas políticas, já nem lembrava que o sino da igreja toca todos os dias ao meio-dia e às seis da tarde.”

As férias já estavam marcadas fazia um mês. Seriam duas longas semanas na casa da mãe, em Gramado, de pernas para o ar. Comer a comida da mãe por duas semanas, que maravilha! Ficar duas semanas sem pegar trem, poder andar a pé na rua à noite, tomar chimarrão na praça no meio da tarde. Quantas interiorices eu tinha planejado relembrar.

Eis que, então, surgiu uma oportunidade de trabalho temporário para o mês de julho – o mês das férias. Qualquer ser humano normal descansa nas férias, mas não um jornalista. Férias não são exatamente prioridade, só para fazer menção ao post anterior, que fez aniversário aqui na capa do tais&coisas.

Já se foram 21 dias de união do útil ao agradável na minha rotina: estou trabalhando em Gramado, com a vantagem de me hospedar na casa da mãe. Vinte e tantos dias sem pegar trem, andando a pé à noite, tomando um chimarrão surrupiado de algum amigo folgado que passeia pelo Lago Joaquina Rita Bier, entre uma pauta e outra, jogando vôlei na segunda, boliche e bilhar na terça, e assim por diante.

Só que entrevistar turistas diariamente no Estação Gramado me levou a redescobrir um encantamento que eu tinha perdido pela minha terra natal. Sempre preferi Gramado em baixa temporada, ainda mais depois que me mudei. Gosto de vir para a casa da mãe para me esconder, fazer coisas do tipo colher bergamota no sítio do pai, fazer churrasco na beira do açude, comer pinhão na chapa do lado do fogão, passar o dia de pantufa vendo DVD. Mal lia o jornal local, tinha abstraído das picuinhas políticas, já nem lembrava que o sino da igreja toca todos os dias ao meio-dia e às seis da tarde.

Depois dessas semanas de trabalho/férias em Gramado, voltei a achar graça nisso tudo. Mas acho graça, principalmente, de estar a cinco minutos de distância dos meus grandes amigos, aqueles que cresceram comigo e que passo semanas sem ver pessoalmente durante o resto do ano. Acho graça de almoçar em casa com a família toda reunida à mesa. Acho graça de ver o jogo do Grêmio na tevê com meu cunhado colorado secando no sofá.

De tanto achar graça em ser gramadense, fico buscando em cada pauta a graça que quem vem de fora vê neste lugar. E como eles acham graça! É bom estar aqui. Pena que já está quase na hora de voltar.

PS - A foto do post é do colega Franco Rodrigues, que me atura na pauta nossa de cada dia.

PS 2 - Dá um clique no site do Estação Gramado ou segue @EstacaoGramado no Twitter ;)