No princípio era John Locke que aparecia ao centro, mas de costas no cartaz promocional de Lost 6. Depois, um tabuleiro de xadrez serviu como plano de fundo para o vídeo promocional da emissora Cuatro. Agora, o elenco posa para uma foto inspirada na Última Ceia, com Locke de novo ao centro, no assento de Jesus Cristo.
Em debate promovido dia 12 de janeiro, na Escola de Design da Unisinos, em Porto Alegre, Francisco Machado Pereira, André Conti Silva e Daniel Bittencourt discorreram sobre três aspectos que fazem de Lost um fenômeno midiático da atualidade: mitologia, roteiro e transmídia.
Lost está povoado de conhecidos mitos da humanidade, de diferentes épocas e crenças, entre as quais chamam atenção estátuas egípcias e personagens com nomes bíblicos – sem contar os que têm nomes de filósofos, como o próprio John Locke, Danielle Rousseau, Desmond Hume... há ainda a chuva que cai ou cessa em momentos cruciais da série, como lembrou Francisco no debate; a sugestão de que os sobreviventes foram “escolhidos” pela Ilha; e a eterna dúvida sobre que diabos é aquela Ilha, a que universo ela pertence – ou a que época, já que eles pulam no tempo o tempo todo.
A estrutura do roteiro contribui para reforçar o misticismo da série, pois os personagens recebem informações ao mesmo tempo que o público, nem antes nem depois. No debate, André comparou essa estrutura com a de uma telenovela: na novela das oito, em geral, ficamos sabendo que João é filho de José antes dos personagens e esperamos capítulo após capítulo para que essa revelação seja feita. Em Lost não. Nunca cogitamos a possibilidade de Jack ser irmão de Claire e caímos para trás quando eles descobrem, porque ficamos sabendo junto com eles. É o que esperamos para a temporada final, que começa dia 2 de fevereiro, pois há cinco temporadas Charlie lançou a dúvida: “Guys, where are we?”. Ele partiu sem saber a resposta, mas nós queremos saber.
Questionamento pertinente também levantou Daniel no debate: o que é Lost? Para ele, Lost não é apenas uma série de TV, os desdobramentos transmidiais da série estimulam a criação de novas narrativas, novas formas de consumo do produto midiático. Lost não se limita ao que passa na TV, seja por iniciativa dos produtores, ao lançarem cartazes sugestivos como este da ceia antes que a próxima temporada entre no ar, seja por iniciativa de fãs, que povoam blogs e sites de relacionamento apresentando sua teoria para o fim da trama.
E foi divagando sobre nossas teorias que saímos do evento até a parada de ônibus, no trajeto até a estação do trem e assim por diante. Mal podemos esperar pelo começo do fim, dia 2 de fevereiro.
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