sexta-feira, 28 de maio de 2010

O fim de Lost


"Não queiramos comparar The End a fim de novela das oito. Na Ilha, como na vida, muita coisa continua em aberto."


Perdi a conta de quantas vezes ouvi que Lost é coisa para louco. Nesse mundo de coisas impensáveis, pensar parece mesmo loucura. Então, concordo. É para louco. Se estiver disposto a enlouquecer, bem-vindo ao vôo 815.

Lost, o fenômeno da televisão mundial (e dos downloads ilegais também), terminou deixando no ar mais perguntas do que respostas. E não vejo mal nenhum nisso. Não que eu não tenha ficado intrigada com o desfecho dado pelos produtores. Fico pensando em que momento eles estavam vivos, afinal. Terei que rever toda a série de novo para tecer novas teses em cima disso. No entanto, minha principal teoria já foi comprovada: a Ilha é uma metáfora da vida. Ponto.

Desde o início, Lost dava sinais de que seria uma história sobre a humanidade e seus conflitos: fé e razão, o bem e o mal, a vida e a morte, eu e o outro (ou Os Outros), a luz e a escuridão (ou o monstro de fumaça). Os flashbacks em momentos cruciais na Ilha em nada diferem em relação à nossa vida diária: as decisões que tomo hoje são reflexo das que tomei no passado, o que me tornei é resultado do que vivi. E quem não gostaria de ter uma segunda chance?

Ok, as viagens no tempo, o urso polar, os números e os vídeos de orientação da Dharma seriam desnecessários para narrar essa história. Talvez. Mas quem de nós não complica a vida? Deixe que compliquem a série.

Dizia o filósofo e escritor Jostein Gaarder, em Ei, tem alguém aí?, que o menino nunca se curvasse a uma resposta: “são as perguntas que movem o mundo”. Se Lost deixou mais interrogações do que afirmações, sejamos gratos. Estamos muito acostumados a consumir o que vem pronto, especialmente na televisão. Não queiramos comparar The End a fim de novela das oito. Na Ilha, como na vida, muita coisa continua em aberto.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Esses Guris da Azenha!



Sem desmerecer o bom futebol dos Meninos da Vila, mas desde o início eu acreditava na “alma castelhana” desses Guris da Azenha.


Depois que descobri o Twitter, economizei nos posts aqui no tais&coisas. É que ficou mais prático raciocinar em 140 caracteres. Ontem, ainda na expectativa do jogo contra o Santos, aquele time que, se dependesse da Globo, já era até campeão do mundo, resumi numa sentença curta o que esperava da partida: “Eles têm os Meninos da Vila, mas sou mais a alma castelhana dos Guris da Azenha”. Eu não tinha noção do que estava dizendo.

Bati o cartão depois do horário ontem, peguei o ônibus do futebol e fui balançando com a Geral até o estádio Olímpico. Aos poucos, os espaços na arquibancada iam sendo preenchidos. A festa estava pronta. Trinta e oito mil gremistas gritando, mandando recado para o Dunga – que deixou o melhor goleiro do Brasil por dois anos consecutivos de fora da lista de convocados para a Copa -, todos cantado em coro que a banda estava louca para ver o Tricolor ganhar. Fico arrepiada só de lembrar.

Só que nem o melhor goleiro do Brasil podia contra os ditos Meninos da Vila. Aos 15 minutos de partida quem abriu o placar foi o Santos. Um balde de água fria. Ainda no primeiro tempo, veio o segundo gol dos Meninos, Jonas perdeu um pênalti e o goleiro santista roubou a cena de Vitor, operando um ou outro milagre. Silêncio no estádio. O Santos era mesmo o que a Globo dizia... chovia em Porto Alegre, chorava a torcida tricolor.

Faria sentido a desesperança se o Grêmio não tivesse o apelido de “Imortal”. Indescritivelmente, o time voltou para o segundo tempo com aquela alma castelhana que apaixona o torcedor. Fez o primeiro gol, a torcida levantou de novo, sorriu, gritou, empurrou o time para o empate. Já estávamos no lucro, mas o torcedor pediu: “Mais um! Mais um!”. Jonas, que tinha perdido o pênalti no primeiro tempo, atendeu com um lindo gol para reverter o placar. Inacreditável! De novo o Grêmio fazia o impossível. Quando veio o quarto gol, o milagre estava consagrado. Espetacular! Pena ter permitido que Robinho diminuísse, fechando o placar em 4 a 3. Ainda assim, a reação gremista jamais se apagará na memória do torcedor. Foi o jogo do ano. A Azenha não é a Vila. A chuva parou, o torcedor comemorou.

Resumo, então, em menos de 140 caracteres o jogo de ontem: “Com perdão da heresia, mas é Deus e o Grêmio: eles fazem o impossível, basta acreditar!”. Que mágico esse tal de futebol. Inexplicável como ele mexe com a gente. Mas isso é pauta para outro post.