"Daqui pra frente, ficam os amigos mais próximos para a vida e
aqueles colegas que vamos reconhecer pela assinatura de um release, um
crédito numa foto ou mesmo ver pela TV."
Até hoje, eu me definia neste blog como um “projeto de jornalista”, em consideração pelos colegas que têm diploma para exercer a profissão. A partir de amanhã, eu também terei um diploma. Após longos – mas muito bem vividos! – oito anos de estudos e uma luta árdua para pagar as contas (principalmente a da faculdade). A partir de amanhã, deixo de ser um projeto para ser jornalista diplomada. Na prática, não muda muita coisa. Na teoria, muda tudo.
Sou da opinião de que estamos sempre em formação. O dia em que eu sair de casa de manhã cedo - cedo mesmo, pelo menos até hoje! - para trabalhar e voltar no fim da tarde sem ter aprendido nada de novo, então não é só a profissão que perde o sentido, mas a vida. Como eu gosto de repetir – e já escrevi em algumas crônicas por aqui – já dizia meu pai, ninguém mandou ser jornalista, “tu escolheu isso aí”. Escolhi, sim, essa profissão. Quis ser jornalista porque eu queria mudar o mundo. Outro dia, dizia eu que, se não podemos mudar o mundo, é possível mudar pelo menos a realidade que nos cerca. Faltou dizer que a realizada mais cerca de nosotros é o interior de nós mesmos.
Já faz um tempo que convivo no ambiente da Redação diariamente – incluindo sábados, domingos e feriados, conforme escala. Taí uma palavra cada vez mais presente nas rodas de conversa de ex-colegas de aula: escala. A outra palavra tão comum quanto e com quase com o mesmo sentido é ‘plantão’. Vamos pra praia todo mundo junto de novo, como naquele Carnaval? “Não sei, tenho que ver minha escala”. Vamos ver o jogo do Grêmio domingo? “Não vai dar, tô no plantão”. E por aí vai. A vida social de um jornalista não é tão simples quanto pensa. Tanto quanto a vida financeira. Mas né, ninguém mandou!
Fato é que, como boa ‘foca’, saio de casa empolgada todas os dias/madrugadas para trabalhar porque sei que algum gigante do jornalismo vai sentar do meu lado em algum momento e me dar uma lição de humildade. Ou então algum motorista que me levar para uma pauta vai me fazer lembrar do quanto um jornalista é capaz de intervir na formação de opinião de cidadãos ditos comuns. Isso sem contar os tais ‘especialistas’ que acabo consultando diariamente para explicitar algum fato cotidiano e tentar traduzir para qualquer leigo, como eu, entender o que está acontecendo.
Fato é que, a partir de amanhã, terei um diploma para colocar na parede. Não que eu não tenha aprendido nada com a faculdade, aprendi muito, claro. Mas o que vai deixar saudade mesmo é o convívio no ambiente universitário. Posso afirmar que vivi intensamente os melhores anos da minha vida até aqui. Seja no tempo do ônibus de Gramado, jogando 66 e parando no posto às quintas-feiras, seja na era Dom Guilherme, entre festas no apê e encontros extraclasse no Bar da Rita, do Alemão ou do Rock. Isso acabou. Daqui pra frente, claro, ficam os amigos mais próximos para a vida e aqueles colegas que vamos reconhecer pela assinatura de um release, um crédito numa foto ou mesmo ver pela TV.
Fato é que, como legítima guria do interior, coloco o ponto final neste texto com muitas lágrimas nos olhos. E um canudo na mão!
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