Em meio à divulgação do curso de extensão em Jornalismo na Web que estou oferecendo na Unisinos Porto Alegre, junto com meu colega Felipe Martini, tenho sido requisitada para dar algumas entrevistas para os meios de comunicação da universidade. Hoje à tarde, uma repórter da Rádio Unisinos disparou a pergunta do milênio: como você vê o futuro do jornalismo?
Talvez não tenha sido exatamente nessas palavras - vocês podem conferir no ar na próxima terça, às 18h, com reprise às 22h, na 103.3 FM ou pela internet. Mas o sentido da pergunta era esse. E essa é a pergunta que eu e todos os jornalistas e pesquisadores de jornalismo e, principalmente, empresários do setor estão tentando responder.
O mercado tem apresentado diversos sintomas que parecem levar à falência múltipla dos órgãos, em especial no âmbito das empresas jornalísticas. Demissões em massa, fechamento de títulos, jornais que deixam de ser impressos, devolução de concessões de TV. O fenômeno da internet tem a ver com isso. Os métodos tradicionais de se obter lucro 'comercializando' notícias não se aplicam a esse novo (?) espaço.
No entanto, a sociedade continuará precisando de notícias e, portanto, de jornalistas. Desde que o jornalismo não deixe ruir o que considero ser o seu principal pilar de sustentação: a credibilidade. A internet tem sido responsável pela derrocada da credibilidade de diversos profissionais e instituições nos últimos anos - na maior parte das vezes, por culpa deles próprios, forçados ou não pela pressão do "tempo real" imposta pela instantaneidade dos meios digitais ou então levados pela banalização de conteúdos em busca de cliques. Isso, sim, pode levar o jornalismo à extrema unção.
Alguns dirão que, na internet, a informação está aí, com ou sem jornalistas. Em uma declaração sobre o aplicativo News, da Apple, anunciado esta semana, Philip Bump, do Washington Post, foi por esse caminho. Para ele, os leitores não ligam para a fonte das notícias: eles apenas querem consumir a notícia, não importa de onde ela venha.
Pode ser que Bump esteja certo. Prefiro não arriscar projeções a esse respeito, pois ainda não tenho informação suficiente sobre a dinâmica do News. Contudo, considerando que o Facebook também anunciou recentemente iniciativa semelhante para veicular notícias, vejo pelo menos uma conclusão possível: se notícias não fossem importantes, os donos dos algoritmos que dominam a internet não estariam tão interessados nelas.
Resultados de pesquisas recentes justificam tal interesse. Só para citar um dado novo, um estudo divulgado no início deste mês pelo Pew Research Center mostrou que 61% dos jovens da Geração Y usam o Facebook para ler notícias de política.
Enfim, o que posso dizer sobre o futuro do jornalismo é que precisamos compreender melhor as dinâmicas próprias da internet para que elas possam então ser apropriadas jornalisticamente, ao invés de ficar tentando reproduzir lógicas convencionais na rede. Provocar reflexões a esse respeito é a motivação central do curso que desencadeou a pergunta do milênio naquela entrevista. Aliás, amanhã vou participar de outro programa na Rádio Unisinos, onde essas e outras reflexões certamente irão pipocar novamente. Ouve lá!
Rádio Unisinos FM 103.3 ou clique aqui
- 12 de junho, sexta, a partir das 13h, ao vivo no estúdio no programa Blá Blá Blá
- 16 de junho, terça, às 18h, com reprise às 22h, no programa Universo Unisinos
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