“Se não precisa mais de diploma para ser jornalista, exijo que a Unisinos devolva meu dinheiro. Os alunos deveriam ser indenizados por deixar de comprar um carro ou viajar para o exterior para pagar uma faculdade inútil.”
Desde 2001, quando uma juíza chamada Carla Rister concedeu liminar suspendendo a obrigatoriedade do diploma para exercício do jornalismo, chovem protestos e argumentações. Pois 1° de abril de 2009 foi a data escolhida para colocar fim na discussão: o Supremo Tribunal Federal, em última instância, vai determinar o futuro da profissão. Uma piada muito sem graça.
Eu acho essa história de banir o diploma de jornalista de tal ignorância que eu não gostaria nem de comentar. Mas, como lá se foram alguns milhares de reais da minha conta para a Unisinos nos últimos cinco anos, sinto-me, no mínimo, instigada a me revoltar com tamanho absurdo.
Primeiro: esqueçamos qualquer argumento de ordem “objetiva” para defender o jornalista diplomado. A objetividade é algo absolutamente intangível para qualquer ser humano – inclusive jornalistas, por mais presunçosos que possam ser. Logo, ninguém é “dono da verdade”, muito menos o dono da TV Globo ou da Folha de São Paulo, empresas essas que são sabidamente favoráveis à não exigência do diploma para exercer a profissão.
Segundo: o fato de o jornalista ser humano, simplesmente humano, nada mais que humano e, portanto, escapar-lhe a condição de ser puramente objetivo ao noticiar qualquer fato que seja não serve como argumento para dizer que qualquer um pode trabalhar como jornalista. Um cidadão não precisa de diploma para relatar um fato, o que não significa que ele esteja apto a reportar esse fato.
Terceiro: se não precisa mais de diploma para ser jornalista, exijo que a Unisinos devolva meu dinheiro. É sério! Os alunos deveriam ser indenizados por deixar de comprar um carro para pagar uma faculdade inútil, afinal, apesar do diploma na parede - conquistado à custa de muita leitura, noites mal dormidas e estágios que pagam uma miséria para lhes ensinar a fazer cafezinho -, esses profissionais de comunicação vão concorrer com gente que participou de reality show, formou-se em biblioteconomia ou sequer terminou o ensino médio.
É, simplesmente, um absurdo. Alguém me explica de onde tiraram que é indiferente ser ou não formado em jornalismo? Olha que eu sempre fui uma aluna de redação excelente no colégio, trabalho na área de comunicação há mais de cinco anos, mas não arredo o pé da universidade enquanto não receber meu diploma para, só então, dizer-me JORNALISTA. Em 2006, o STF garantiu o exercício da atividade jornalística aos que já atuavam na profissão, independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área. Ora, eu poderia exigir minha parte também, mas acho a formação acadêmica necessária, sim.
Acontece que reportar é muito mais do que escrever ou falar bem. Ok que os “padrões” da notícia podem ser aprendidos na prática – aprende-se até melhor – mas isso também é detalhe. Jornalistas entendem menos de alimentos saudáveis do que nutricionistas? Claro! Mas é por isso que jornalistas consultam nutricionistas para chegar a alguma informação plausível sobre alimentação saudável ao invés de relatar como é sua dieta pessoal. Do mesmo jeito que nutricionistas não devem sair por aí assinando matérias em jornais. Há espaços mais apropriados para isso, que, de fato não prescindem de diploma em comunicação. Que os “não jornalistas” publiquem artigos, criem blogs, escrevam comentários para a imprensa, mas deixem os habilitados trabalharem em paz!
Esse negócio de banir o diploma de jornalista só vai banalizar a imprensa. Alguns vão dizer que ela já está banalizada. Não tiro a razão. Pois então que não terminemos de banalizar! Tecnicamente, não é preciso muito mais do que bom texto ou boa oratória para se dar bem como jornalista. No entanto, teoricamente, é necessário estudar para isso. É preciso refletir sobre sua responsabilidade do repórter na sociedade, a influência da imprensa na organização social. As consequências de lançar ao mercado excelentes oradores sem essa consciência ontológica da profissão que exercem tendem a ser desastrosas, como mostra a própria história da comunicação.
A profissão de jornalista devia era ser regulamentada, de verdade, com um piso salarial decente, compatível com o que se investe na formação superior. Jornalistas diplomados têm salário inicial em torno de R$ 1.000,00. Lá de onde eu venho, garis ganham pouco menos que isso. Vai ver que eles agora vão preferir ser jornalistas, já que não vão precisar ter diploma para isso.
Desde 2001, quando uma juíza chamada Carla Rister concedeu liminar suspendendo a obrigatoriedade do diploma para exercício do jornalismo, chovem protestos e argumentações. Pois 1° de abril de 2009 foi a data escolhida para colocar fim na discussão: o Supremo Tribunal Federal, em última instância, vai determinar o futuro da profissão. Uma piada muito sem graça.
Eu acho essa história de banir o diploma de jornalista de tal ignorância que eu não gostaria nem de comentar. Mas, como lá se foram alguns milhares de reais da minha conta para a Unisinos nos últimos cinco anos, sinto-me, no mínimo, instigada a me revoltar com tamanho absurdo.
Primeiro: esqueçamos qualquer argumento de ordem “objetiva” para defender o jornalista diplomado. A objetividade é algo absolutamente intangível para qualquer ser humano – inclusive jornalistas, por mais presunçosos que possam ser. Logo, ninguém é “dono da verdade”, muito menos o dono da TV Globo ou da Folha de São Paulo, empresas essas que são sabidamente favoráveis à não exigência do diploma para exercer a profissão.
Segundo: o fato de o jornalista ser humano, simplesmente humano, nada mais que humano e, portanto, escapar-lhe a condição de ser puramente objetivo ao noticiar qualquer fato que seja não serve como argumento para dizer que qualquer um pode trabalhar como jornalista. Um cidadão não precisa de diploma para relatar um fato, o que não significa que ele esteja apto a reportar esse fato.
Terceiro: se não precisa mais de diploma para ser jornalista, exijo que a Unisinos devolva meu dinheiro. É sério! Os alunos deveriam ser indenizados por deixar de comprar um carro para pagar uma faculdade inútil, afinal, apesar do diploma na parede - conquistado à custa de muita leitura, noites mal dormidas e estágios que pagam uma miséria para lhes ensinar a fazer cafezinho -, esses profissionais de comunicação vão concorrer com gente que participou de reality show, formou-se em biblioteconomia ou sequer terminou o ensino médio.
É, simplesmente, um absurdo. Alguém me explica de onde tiraram que é indiferente ser ou não formado em jornalismo? Olha que eu sempre fui uma aluna de redação excelente no colégio, trabalho na área de comunicação há mais de cinco anos, mas não arredo o pé da universidade enquanto não receber meu diploma para, só então, dizer-me JORNALISTA. Em 2006, o STF garantiu o exercício da atividade jornalística aos que já atuavam na profissão, independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área. Ora, eu poderia exigir minha parte também, mas acho a formação acadêmica necessária, sim.
Acontece que reportar é muito mais do que escrever ou falar bem. Ok que os “padrões” da notícia podem ser aprendidos na prática – aprende-se até melhor – mas isso também é detalhe. Jornalistas entendem menos de alimentos saudáveis do que nutricionistas? Claro! Mas é por isso que jornalistas consultam nutricionistas para chegar a alguma informação plausível sobre alimentação saudável ao invés de relatar como é sua dieta pessoal. Do mesmo jeito que nutricionistas não devem sair por aí assinando matérias em jornais. Há espaços mais apropriados para isso, que, de fato não prescindem de diploma em comunicação. Que os “não jornalistas” publiquem artigos, criem blogs, escrevam comentários para a imprensa, mas deixem os habilitados trabalharem em paz!
Esse negócio de banir o diploma de jornalista só vai banalizar a imprensa. Alguns vão dizer que ela já está banalizada. Não tiro a razão. Pois então que não terminemos de banalizar! Tecnicamente, não é preciso muito mais do que bom texto ou boa oratória para se dar bem como jornalista. No entanto, teoricamente, é necessário estudar para isso. É preciso refletir sobre sua responsabilidade do repórter na sociedade, a influência da imprensa na organização social. As consequências de lançar ao mercado excelentes oradores sem essa consciência ontológica da profissão que exercem tendem a ser desastrosas, como mostra a própria história da comunicação.
A profissão de jornalista devia era ser regulamentada, de verdade, com um piso salarial decente, compatível com o que se investe na formação superior. Jornalistas diplomados têm salário inicial em torno de R$ 1.000,00. Lá de onde eu venho, garis ganham pouco menos que isso. Vai ver que eles agora vão preferir ser jornalistas, já que não vão precisar ter diploma para isso.
Abolir o diploma será um retrocesso. No meu caso e de muitos colegas, será mais do que isso, será uma enorme quantia de dinheiro jogado fora. E eu indo de trem para a faculdade, enquanto podia ter comprado um carro para ir ao jogo do Brasil.
Oi Taís querida!
ResponderExcluirEu te entendo pois já passei exatamente por isso ai em POA, e também "aqui" de onde tu te fostes.
E isso já fazem bons 25 anos.
O tempo passa, as profissões são diferentes mas a história é a mesma.
Há lugar para todos, cada um escolhe o que quer para si.
Minha pequena grande jornalista, são essas provações que nos fazem mais fortes e nos possibilitam chegarmos mais rapidamente aos nossos ideais. E o teu eu sei qual é.
Logo,logo, teu sonho será realidade.
Beijos, desculpe o silêncio.
Rita
Belo desabafo....tbm estou nessa situação, pagando uma faculdade q talvez nem tenha mais utilidade..
ResponderExcluiré phoda.
Carol Esser
Balneário Camboriu - SC
Taís! Um desabafo e tanto hein!?
ResponderExcluirO texto muito bem escrito, a crítica maravilhosa, mas a sociedade se acostumou em chamar qualquer pessoa que esteja de máquina fotográfica na mão e um caderninho fazendo anotações, de jornalista ou repórter. É cultural isso.
Sabes, eu que faço matéria para o blog, todos acham que sou jornalista, tendo eu que falar o tempo inteiro que não sou.
Vocês estudantes de Comunicação tem que lutar pelos seus diplomas, mas isso não vai mudar as pessoas em suas nomenclaturas ignoradas.
Eu tbm quero meu dinheiro da mensalidade de volta, e mais os dos xerox, do estacionamento, da gasolina q eu gasto para vir estudar, do caderno, caneta e se possível o da cerveja dos bares da facul tbm, pq esse sim eu gastei uma bela grana...ahushaushuahs
ResponderExcluirCarol Esser
Rita, obrigada por sempre estar torcendo por mim.
ResponderExcluirCarol, o dinheiro das cervejas deve ter sido um investimento muito mais proveitoso do que a mensalidade do curso, rsrs
Miréia, o problema não é a nomenclatura... nada contra que pessoas que não são da área colaborem com veículos de comunicação EVENTUALMENTE, mas fazer disso profissão envolve outras questões. Defasagem de salário é uma delas... não bastasse estudar anos para receber um diploma ainda ter que enfrentar a livre concorrência?!
Por enquanto, a votação foi adiada. Vamos ver até onde vai...
Obrigada pela leitura ;)
É difícil mesmo, depois de todo o esforço de uma faculdade, saber que não precisava diploma.
ResponderExcluirAguardemos o resultado!
Você tem razão, está completamente certa.
ResponderExcluirEu estou fazendo curso pré-vestibular, e estou pagando com muito sacrificio. Meu objetivo é a aprovação no vestibular de uma faculdade federal, nada contra faculdades particulares, apenas não tenho dinheiro suficiente para pagar uma.
Ainda nao decidi direito com relação a carreira, porém a área da comunicação me interessa muito, talvez seja por isso que seu texto me despertou um sentimento de raiva, ou indignação, como o seu.
Agora vamos supor que eu decida cursar jornalismo, serão anos de sacrifício como ja mencionastes, para no final entrar em um mercado de trabalho super competitivo, onde além de disputar com outros profisionais mais experientes, ainda terei que competir com "escritores de fins de semana" e outros, bem isso me parece injusto, completamente, pois concerteza minha formação nao ira se comparar com a deles (apesar de que o salario provavelmente sim ~.~).
Outro ponto desfavoravel de esta medida, será o desprestígio da jornalista, imaginem só, se o diploma não for obrigatorio para a profissao, havera um aumento de "jornalistas" descapacitados, originando varios meios de comunicação de nivel imferior. Seria uma degradação geral dos meios de comunicação brasileiros, que ja esta deploravel, diga-se de pasagem.
Bem, era isso, mais uma vez temos que torcer para que mais uma lei maluca não nos atrapalhe ainda mais a vida. Um abraço Taís e continue na luta.
Giancarlo V. J.
17 anos, Porto Alegre-RS