“Talvez, em outros tempos, alguém tivesse feito o mesmo comentário irônico lido no site em uma conversa entre amigos. As possibilidades tecnológicas disponíveis hoje são tantas, no entanto, que ficou bem mais divertido largar isso na rede.”
Desde que a Veja é a Veja, a capa da revista semanal de maior circulação no Brasil é assunto para o resto da mídia até o próximo número. A internet potencializa esse processo. Às vezes, soa como piada, mas há crítica até mesmo por trás da sátira.
Um exemplo foi o que ocorreu com a edição desta semana. A revista estampou na capa a manchete “Serra e o Brasil pós-Lula” acompanhada de uma declaração do pré-candidato à presidência pelo PSDB: “Eu me preparei a vida toda para ser presidente”. A foto que ilustra a capa é do próprio José Serra, com um sorriso simpático e a cabeça inclinada sobre a mão (acima). Uma foto meiga, digamos.
Um leitor/internauta aproveitou a deixa e criou a página meiguiceserra intitulada “O Brasil pode mais” com a seguinte observação: “contém ironia ou você realmente acredita que alguém aqui está preparado para ser presidente do país?”. O que se seguem são mais de 200 fotos enviadas por outros internautas, deles mesmos, imitando a pose do presidenciável, com mais ou menos fidelidade ao modelo original.
Há aí pelo menos duas coisas interessantes a se observar. Primeiro, a variedade de interpretações possíveis para uma mesma mensagem. A Veja, declaradamente pró-Serra nas reportagens que tem publicado, provavelmente não achou graça nenhuma do que esses internautas fizeram com sua capa. A intenção devia ser causar empatia no eleitorado, não deboche.
Outra questão é a capacidade de mobilização que a web oferece. Talvez, em outros tempos, alguém tivesse feito o mesmo comentário irônico lido no site em uma conversa entre amigos. As possibilidades tecnológicas disponíveis hoje são tantas, no entanto, que ficou bem mais divertido largar isso na rede. Além do mais, quem não tem uma câmera digital, celular que tira foto ou webcam para fazer uma pose dessas e postar num site hoje em dia? Com os blogs e twitters da vida, então, a coisa se espalha para ainda mais além.
Aí fico refletindo sobre o jornalismo enquanto profissão e toda essa discussão acerca do diploma. O internauta que deu início a essa cadeia não tinha intenção de reportar nada, mas com muito menos produção e bem pouco planejamento foi bem mais feliz que muito cronista de política na sua crítica ao posicionamento da Veja. Aliás, foi bem mais feliz que a própria Veja. Se bem que até isso pode ter ajudado a vender revista. Eu mesma fui ler a reportagem só depois que recebi o link do site. E agora estou passando adiante o site e não a matéria (que, aliás, vale outro post!).
Enfim, a conectividade torna banal o que é relevante e dá relevância a banalidades. O jornalismo, parece, está banalizado.
Pasmem! tem até uma foto de um cara na rua coberta em Gramado... hehe
ResponderExcluirE eu já vou mandar a minha foto, eu tbm estou preparado hehehe.
Ich! era pra comentar o post!
A sátira como critica é muito mais atraente, às vezes...
Abração Taís!