Foto: Lauro Alves
"Pois eu queria saber quando é que honestidade passou a ser um valor-notícia"
Pois eu queria saber quando é que "honestidade" passou a ser um valor-notícia. A coisa está tão degringolada que, de repente, fazer o que é certo se tornou inesperado. Isso diz alguma coisa não sobre o jornalismo em particular, mas sobre a sociedade de uma maneira mais ampla.
Falo isso porque também me comovi ao ler o belo texto escrito por minha colega Jaqueline Sordi na edição de Zero Hora de hoje sobre o guri que virou "herói" na escola por ter devolvido a uma senhora de 74 anos a carteira que ela tinha perdido - com R$ 1,5 mil dentro.
Achei bonita a iniciativa da escola de fazer o garoto passar de sala em sala dando "aulas de honestidade". Concordo que bons exemplos também devem sair no jornal, tão criticado por sempre dar mais ênfase ao que é negativo. Mas é impossível não me surpreender com o quanto pode ser surpreendente hoje em dia um menino, ainda mais um menino pobre, ser honesto.
Não é exatamente uma crítica ao fato ter sido noticiado. Aliás, pelo contrário. A repercussão só veio comprovar ao menino que ser honesto vale a pena: ele foi recompensado com o respeito dos colegas da escola, a gratidão da senhora que precisava do dinheiro para comprar os remédios e pagar as contas, os minutos de "fama" e ainda doações em forma de dinheiro e de videogame.
Ele - e todos nós que nos emocionamos com a história dele - já se deu conta que ganhou muito mais do que teria faturado se tivesse embolsado os R$ 1,5 mil que encontrou. Tem gente por aí embolsando muito mais e rindo da nossa cara... e talvez esse seja um dos motivos pelo qual a honestidade se tornou um valor-notícia. Fiquemos com o bom exemplo do guri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fala que TYScuto!