“Aí você, que mal sabe fazer uma regra de três, vai lá para
o banco de dados de um IBGE da vida
mexer em estatística.”
Esse negócio de que jornalistas odeiam números é balela. Repórteres
talvez nem tanto, mas editores, esses sim, adoram uma estatística. Por conta
disso, logo você se convence que um “por cento” a mais sempre ajuda a sustentar
uma pauta.
Não é de hoje. Está lá nos estudos sobre critérios de
noticiabilidade, desde os anos 1950: amplitude. “Quanto maior o número de pessoas
envolvidas, maior a probabilidade de o acontecimento ser noticiado”, para dar
uma definição padrão.
Mas vale para outras coisas. Quanto maior o número de carros
roubados, quanto maior o número de pedras de crack apreendidas, quanto maior o
número de boates sem plano de prevenção contra incêndio, quanto maior o número
de processos engavetados, e por aí vai.
Então você passa os dias mendigando algum dado “concreto”.
Quando a fonte te diz que denúncias foram recebidas, você já emenda: “quantas”?
Aí tem aqueles que também te dizem que não gostam muito de falar em quantidades,
não acham isso relevante, mas você insiste: “pelo menos aproximadamente?”.
Como eu dizia, os editores é que gostam de números. Sempre
que surge uma pauta de comportamento, ele despeja logo em seguida: “vê se tem
alguma pesquisa sobre isso”. E aí você, que mal sabe fazer uma regra de três,
vai lá para o banco de dados de um IBGE da vida mexer em estatística. Ah! E agora ainda tem o dito "jornalismo em base de dados" que está bombando nas plataformas digitais.
Na época da escola, nunca aprendi a usar a tal de
calculadora científica. Se me largarem uma HP não sei nem onde liga. Mal e mal
monto umas fórmulas no Excel. Inclusive, eu tinha escrito com liquid paper na
parte de trás da minha calculadora de 1,99 a letra dos Engenheiros do Hawaii: “e
eu, o que faço com esses números?”. Estou tentando descobrir.
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