quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

É do jogo


Secar: fazer evaporar a umidade de; enxugar; fazer cessar.

O dicionário não dá conta da definição futebolística para “secar”: torcer pela desgraça do adversário ou arqui-rival. Sim, faço parte da máquina de secar mais potente que já se viu nos últimos anos: a torcida do Grêmio. Sou secadora, admito, como foram secadores meus amigos colorados nos anos 90. É do jogo.

Sequei com todas as minhas forças o Goiás na quarta-feira passada – e aguentei todas as flautas coloradas sobre comemorar vaga porque não tem mais o que comemorar, ou ter que torcer por outro time porque o meu não ganha nada. É do jogo.

Do mesmo jeito, sequei o Inter contra o Mazembe. Nem nos meus sonhos mais perversos eu contava com ‘mazebra’ dessas, mas esperança de secador é a última que morre. Vim de Porto Alegre escutando o jogo no trem. Cheguei na estação em tempo de soltar um grito – nem tão solitário assim – ao ver o replay do gol congolês. O segundo grito veio já no corredor do PPG de comunicação da Unisinos. Sequei, vibrei e fiz piada. É, toquei muita flauta. É do jogo.

Eu poderia vir com aquele discurso de que o Grêmio não paga meu salário, que tem coisa mais importante pra me preocupar, que não vale a pena perder tempo com isso. Mas, sabe, eu sou sócia tricolor, vou ao estádio todo mês e acho saudável tudo isso. Inclusive a flauta, mesmo que seja pro meu lado. Quer ser torcedor – e secador – tem que saber ganhar e perder, flautear e ser flauteado. É do jogo.

Sabe-se que aqui na província o futebol é levado mais na ponta da faca. Uma camisa vermelha jamais será apenas uma camisa vermelha, será colorada. Os fracassos do rival estarão sempre tão presentes na memória quanto as glórias do time do coração. E sempre um ficará contando vantagem sobre o outro por algum motivo tosco e a discussão jamais termina. É do jogo.

Então, colorados, calma. Os foguetes – aqueles que vocês dizem que estavam mofando de tanto tempo guardados – terminam. Daqui a pouco, começa tudo de novo e isso passa. A derrota para o Mazembe, aquele vexame no Mundial (FIFA, de que tanto se gabam), será apenas mais um argumento para aquelas discussões intermináveis, do tipo: prefiro isso que a segunda divisão. É do jogo.

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