segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A hora de arrumar a mala


“No fim das contas, a vida em si é uma mala de viagem. Estamos sempre carregando coisas que achamos que vamos precisar durante um tempo.”

O ritual é básico: pegar a mala e colocar dentro dela um monte de coisa que a gente acha que vai precisar durante um tempo. É sempre a mesma função, seja para um fim de semana ou para um mês inteiro. Assim como é recorrente também aquela sensação de “sabia que deveria ter trazido mais casacos!” ou “por que eu deixei meus tênis em casa?”. Do mesmo jeito, na hora de voltar, é aquele desafio de fazer caber tudo de novo, ainda mais com os extras que acabamos juntando pelo caminho.

Já faz mais de um mês que arrumei a mala para vir a Gramado, coisa que já contei no post anterior. Hoje foi o dia de colocar tudo de volta. Amanhã será o de tirar tudo de novo e devolver ao local de origem. Será necessário ainda arrumar lugar para meia dúzia de quinquilharias que fui juntando na temporada.

O processo todo – e lá venho eu com uma palavra que me remete diretamente ao juridiquês com o qual passarei novamente a conviver todo santo dia a partir de amanhã – traz à tona uma série de lembranças, que vêm à mente sem muito esforço. Primeiro, era a expectativa da vinda, agora, é aquela sensação esquisita da volta. Um misto de saudade de casa com o sentimento de perda de um convívio quase familiar que se estendeu por 30 grandes dias.

Junto com a bagagem que volta para a mala – entre elas, dois box de DVDs do House dos quais só consegui ver cinco ou seis episódios, dois ou três livros dos quais não li sequer uma página, três ou quatro camisetas de manga curta as quais praticamente não tive chance de usar neste inverno a 0ºC –, vão comigo pessoas queridas que conheci, velhos amigos que revi, experiências novas que vivenciei. Uma série de coisas virtuais – só para retomar o clima da pesquisa acadêmica que também me aguarda de novo a partir de amanhã – que, um dia, quiçá, vão se atualizar por meio de reencontros esparsos pela vida, se não por memórias e fotos que ficaram.

No fim das contas, a vida em si é uma mala de viagem. Estamos sempre carregando coisas que achamos que vamos precisar durante um tempo. Algumas vezes, ficamos com a sensação de ter esquecido algo importante. Nem sempre dá tempo de voltar para buscar. Às vezes dá. Outras, optamos por substituir. E assim os espaços vão se ajustando. O importante e o supérfluo ocupam seus lugares. Na bagagem definitiva, permanece apenas o essencial. O eterno desafio é arrumar a mala direito, mas é por isso que se vive um dia de cada vez.

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