quinta-feira, 21 de maio de 2009

O câncer da Dilma


“Parece-me, no mínimo, precipitado dizer que ela está totalmente curada. Para não dizer que se trata de uma grande mentira – e uma mentira eleitoreira.”

Quem é que aguenta tanta mídia em cima do câncer da Dilma? Ninguém melhor que ela para dizer. A preferida do Lula para sucessão presidencial pediu trégua para a imprensa esta semana. Com toda a razão.

Razão que falta ao presidente Lula, que disse que o câncer não vai atrapalhar a eleição, pois Dilma está totalmente curada. Será o Lula algum tipo de milagreiro? Não acredito. Está aí o vice dele, o José Alencar, para comprovar. De câncer, o Alencar entende, com perdão para a força de expressão, mas foi ele mesmo que disse isso há poucos dias.

Por mais que os médicos de Dilma digam que o tratamento dela vai muito bem, obrigado, e por mais que eles sejam os mais gabaritados do País para tratar da doença da ministra – e devem ser mesmo os melhores, porque, para Lula, ela até eleita já está, e ele não deixaria sua sucessora em maus lençóis, mesmo que sejam de hospital – parece-me, no mínimo, precipitado dizer que ela está totalmente curada. Para não dizer que se trata de uma grande mentira – e uma mentira eleitoreira.

A ministra garante que vai conseguir administrar o tratamento e a candidatura ao mesmo tempo – não com essas palavras, claro, pois ela ainda não pode assumir-se candidata. Dilma diz que vai cumprir a “agenda”. Mas acontece que ela não cumpre! Diariamente, a imprensa noticia o cancelamento de algum compromisso. E é óbvio que isso vai continuar. Câncer não se cura da noite para o dia. O tratamento é longo e tortuoso. Para uma pessoa “comum”, com muito menos compromissos do que ela, já é difícil tratar, quem dirá para uma ministra-candidata, para quem atravessar o Brasil em poucas horas nada mais é do que rotina. Não vai ser fácil.

Acho corajosa a postura da ministra em relação à doença. Nem parece que ela está numa encruzilhada, do tipo: viver ou ser presidenta? Sei que parece pessimista demais e que câncer diagnosticado não é sinônimo de morte anunciada. Eu mesma conheço muita gente que foi desenganada pelos médicos, mas está aí, firme e forte. Só que não é de graça. A expressão “luta” contra o câncer faz todo sentido. Para enfrentar essa doença é preciso lutar, sim, e muito. Ora, câncer não é gripe.

Por isso que não dá pra aguentar tanta especulação em torno da doença da ministra. Ela é uma pessoa pública, mas merece a privacidade que exigiu da imprensa esta semana. Dilma está passando por um momento complicado, deve estar sofrendo muito – física e psicologicamente. Acho justo que deixem ela quieta com o tratamento (a luta) dela, até que, enfim, ela possa dizer, com tranquilidade, que está totalmente curada e vai concorrer ao cargo que Lula tanto quer que ela ocupe.

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