quinta-feira, 19 de março de 2009

Quando o longe é perto


“Na juventude, nossos sentimentos são muito mais profundos do que duradouros.”

A frase citada em um texto que escrevi em 2005, dita por um colega dos primeiros semestres de faculdade, nunca saiu da minha cabeça, e agora faz ainda mais sentido. A juventude é uma etapa de muitas escolhas, muitas mudanças. Conhecemos muita gente ao mesmo tempo, em lugares diferentes, em situações diferentes – nenhuma menos profunda do que outra, mas todas igualmente passageiras.

Conforme o tempo avança e nossos caminhos vão se definindo, o medo de que profundo mesmo seja o abismo do esquecimento faz com que lutemos para que o passageiro dure um pouco mais. Dizer que aprendemos a dar valor às coisas quando as perdemos é lugar comum, mas o paradoxo faz algum sentido: a distância, ao mesmo tempo em que separa, aproxima as pessoas.

Faz alguns meses que troquei minha cidadezinha natal pela capital gaúcha. Digo capital porque, por mais que minha residência esteja fixada numa outra cidade da região metropolitana, é em Porto Alegre que passo a maior parte do dia. É aqui que trabalho, vou à livraria, ao banco, ao parque, etc. Em São Leopoldo, onde moro, conheço apenas a Unisinos - onde estudo, e a estação do trem - que me traz a Porto Alegre. Só.

Mas isso não vem ao caso. Há nove meses saí de Gramado, onde vivi 20 e poucos anos, tempo suficiente para firmar alguns dos vínculos mais profundos.

Sempre que volto para casa, minha família está lá esperando por mim, mesmo que passe da meia-noite. Minha mãe se preocupa em fazer a comida que gosto, meu pai em me levar e trazer de onde for preciso, minhas irmãs em garantir a parceria no chimarrão, e assim por diante. De fato, sinto falta de tudo isso: o almoço gostoso da mãe todos os dias, poder ligar para meu pai me buscar quando chove, chegar do trabalho e tomar chimarrão com minha irmã (às vezes, com as duas!) no final da tarde.

Só que família é família. Eles eu tenho certeza que nunca me deixarão sozinha. O que me comove mesmo são os amigos, porque amigo, como diz aquele versinho de antigamente, não é a vida que nos impõe, somos nós que escolhemos. Se antes, a meia dúzia de quarteirões de distância dos meus amigos, demorávamos meses para nos visitar, agora, cada fim de semana é uma romaria! E isso é muito bom.

Chego em casa sempre entusiasmada, às vezes volto pra cá até meio cansada, mas sempre revigorada. É claro que essa “aproximação” forçada pela distância não é melhor do que estar perto, mas é uma forma de fazer com que os sentimentos profundos sejam também duradouros, pelo menos por mais um tempo.

6 comentários:

  1. Devo afirmar que os sentimentos mais profundos são os mais duradouros. É claro que na juventude somos mais inconstantes, mais apaixonados e, por isso, menos duradouros....
    Abraço
    Pe. Edson-Canela

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  2. Só tenho a acrescentar: Que saudade de ti!

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  3. Belo texto Tys! E bem verdade.. a distância aproxima!! bjo

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  4. Tys,
    O que eu adoro nos teus textos é o fato de que tu dizes aquilo que todos sentimos mas temos por vezes dificuldade de expressar. Estou voltando para o Brasil daqui a 3 semanas, nem preciso dizer que me identifico também com teu texto. Será que adivinhaste? Será há alguma coincidência no nosso mapa astral, por termos nascido no mesmo dia? =P
    Abracos,
    Carlos

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  5. Pe Edson, sua colocação, de fato, me fez pensar...
    Lih, vais ficar na sdd com tua viagem neste findi, mas eu volto logo...
    Grazi, por falar nisso, vai ser quando mesmo nossa janta?!
    Carlos, a do mapa astral foi boa, mas a tua distância é muito mais estarrecedora, só imagino como deve estar a espectativa na tua casa...
    Obrigada a todos pela leitura e pela amizade ;)

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  6. Claro que naum podia ficar de fora dessa...e vou plagiar a Lih!!
    Soh saudades!!!
    Abraços

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